«Em seu orgulho e arrogância, com um temerário senso de segurança, Belsazar ‘deu um grande banquete a mil dos seus grandes, e bebeu vinho na presença dos mil’. (Daniel 5:1). Todas as atracções que a riqueza e o poder podem proporcionar, acrescentavam esplendor à cena. Belas mulheres, com os seus encantos, estavam entre os hóspedes a participar no banquete real. Homens de génio e educação estavam presentes. Príncipes e estadistas bebiam vinho como água, e aviltavam-se sob a sua enlouquecedora influência.
A razão destronada pela despudorada intoxicação, os mais baixos impulsos e paixões agora em ascendência, o rei em pessoa tomou a dianteira na desbragada orgia. Ao prosseguir a festa, ele ‘mandou trazer os vasos de ouro e de prata, que Nabucodonosor … tinha tirado do templo que estava em Jerusalém, para que bebessem por eles.’ O rei queria provar que nada era demasiado sagrado para que as suas mãos tocassem. ‘Então trouxeram os vasos de ouro … e beberam por eles o rei, os seus grandes, as suas mulheres e concubinas. Beberam o vinho, e deram louvores aos deuses de ouro, e de prata, de cobre, de ferro, de madeira, e de pedra.’ (Daniel 5:2-4).
Mal imaginava Belsazar que havia uma Testemunha celestial da sua grosseira idolatria; que um Vigia divino, incógnito, olhava a cena de profanação, ouvia a sacrílega hilaridade, contemplava a idolatria. Mas logo o Hóspede não convidado fez sentir a Sua presença. Quando a orgia ia alta, uma mão pálida apareceu e traçou, na parede do palácio, caracteres que luziam como fogo – palavras que, embora desconhecidas do vasto auditório, eram um presságio de condenação ao rei, agora ferido na sua consciência, e aos seus hóspedes.
A festa ruidosa cessou, enquanto homens e mulheres, possuídos de inaudito terror, observavam a mão traçando os misteriosos caracteres. Perante eles passaram-se, como numa visão panorâmica, as obras das suas vidas más; parecia-lhes estarem citados ante o tribunal do eterno Deus, cujo poder eles acabavam de desafiar. Onde apenas poucos momentos antes havia hilaridade e ditos blasfemos, viam-se agora faces pálidas e exclamações de terror. Quando Deus faz os homens temer, eles não podem ocultar a intensidade desse terror.
Belsazar era o mais aterrorizado de todos eles. Era ele que, sobre todos os demais, tinha sido responsável pela rebelião contra Deus, que nessa noite alcançara o seu apogeu no domínio babilónico. Na presença da Testemunha invisível, representante d’Aquele cujo poder tinha sido desfiado e cujo nome fora blasfemado, o rei sentiu-se paralisado de temor. A consciência despertou. ‘As juntas dos seus lombos relaxaram-se, e os seus joelhos bateram um no outro.’ Belsazar levantara-se impiamente contra o Deus do Céu, e tinha confiado no seu próprio poder, não supondo que alguém ousasse dizer: ‘Por que fazes isto?' Mas agora sentia que precisava de prestar contas da sua mordomia, e que por suas oportunidades malbaratadas e atitude desafiadora não podia apresentar desculpas.» – Profetas e Reis, pág. 523-527.
Hoje muitos estão a imitar Belsazar. A respeito de Deus, o Criador dos céus e da Terra, blasfemam, ridicularizam, troçam, fazem chacota, zombam e descaradamente afirmam “estragaste tudo com a tua menção do nome Deus”. Mal imaginam que vai chegar, para todos os que assim procedem, o momento de serem “possuídos de inaudito terror”. - M. N. C.
Sem comentários:
Enviar um comentário